Democracia para quem?: ensaios de resistência
Angela Davis, Patricia Hill Collins, Silvia FedericiNo que se refere, por exemplo, ao papel da mulher na sociedade, Davis afirma que não pode haver democracia sem a luta histórica das mulheres negras: “Quando as mulheres negras se moveram em direção à liberdade, elas nunca representaram apenas elas mesmas”. Para ela, a figura da mulher negra representa todas as comunidades que sofreram exploração econômica, opressão de gênero e violência racial.
Em sua apresentação, Collins reflete sobre o conceito de liberdade e diz que não faz diferença pensar em liberdade para pessoas negras sem pensar no que isso significa tanto para homens negros quanto para mulheres negras: "Seria maravilhoso se pudéssemos deixar para trás as partes feias do passado. Mas, se olharmos à nossa volta, podemos ver as mesmas relações atualmente e percebemos que esse é um discurso que está mais vivo que nunca e que tem uma longa história”.
Já Federici observa a resistência das mulheres em todo o mundo para reconstruir e defender os bens comuns: “Estão defendendo seus bens quando defendem a floresta ou a terra ou as águas de uma empresa de mineração ou de petróleo. Estão dizendo que a Terra pertence a todos e todas”.
Eram os últimos meses pré-pandemia. No início do ano seguinte, o terror sanitário, negacionista e golpista de Jair Bolsonaro e de seus aliados submeteu a democracia brasileira ao mais profundo estresse desde a redemocratização, em 1985. O evento paulistano ganhou um novo e pesado sentido quando o colapso das instituições brasileiras esteve na ordem do dia.